Xangai, China 03/07/2010 08:11 (LUSA)
Temas: Língua, Cultura (geral), Sociedade

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Luís Fonseca e Sílvia Reis, enviados da Agência Lusa

Xangai, China, 03 jul (Lusa) - Três dos sete países lusófonos na Expo 2010, em Xangai, na China, não usam o português na exposição universal e entre os outros só a Guiné-Bissau diz aplicar o novo Acordo Ortográfico, apurou a Agência Lusa junto das respetivas delegações.

Brasil, Cabo Verde e Timor-Leste têm toda a exposição e respetiva documentação em duas línguas, o chinês e o inglês, considerando que são as necessárias para abranger todos os visitantes, explicaram os seus responsáveis.

Ainda assim, questionados sobre se a língua portuguesa pode ter uma presença mais forte em eventos como as exposições universais, quase todos defendem que a ideia deve ser explorada.

Apenas José Correia, diretor do pavilhão de Cabo Verde, considera que uma presença da língua, por exemplo, através de um pavilhão temático, pode ser “prematura”.

“Tinha que haver uma união entre os países participantes e uma decisão política”, justificou.

“A língua é um forte elo de ligação, mas essa vertente não tem sido explorada. Podemos, com certeza, trabalhar sobre isso”, disse à Lusa Rolando Borges Martins, comissário geral do pavilhão de Portugal.

Portugal e o Brasil “são os dois países que cada vez mais têm que puxar por essa iniciativa”, defendeu, por seu lado, Alessandro Teixeira, comissário geral do pavilhão do Brasil.

“É uma oportunidade importante porque, sem dúvida, que os países de expressão portuguesa em África, como Angola, serão grandes economias”, salientou ainda.

Elio Gamboa, diretor do pavilhão de Angola, acredita que se pode fazer “muito mais em ocasiões similares no futuro, com benefícios para todas as partes envolvidas”.

Já para Américo Magaia, comissário geral de Moçambique, “nada está perdido. Poderia fazer-se fazer um pouco mais, mas os sinais são encorajadores”, realçou.

Na Expo 2010, Timor-Leste até já foi convidado a participar “em ações do grupo de países francófonos”, contou a diretora do pavilhão, Glória de Castro.

“Tal como eles têm atividades, no futuro também poderá haver ações conjuntas dos países de língua portuguesa”, acrescentou.

A Guiné-Bissau é mesmo apresentada com um país que fala francês, com a inscrição “Republique du Guinee-Bissau” em todo o espaço, um erro que fonte da organização chinesa já disse à Lusa que vai ser retificado em breve.

“Sentimos imensa falta dessa presença mais unida e mais forte do português”, referiu Francisca Turpin, comissária geral da Guiné Bissau.

“Lutei muito para ter interlocutores em português, pedi documentação em português, que é a nossa língua oficial, mas infelizmente não há esse espaço”, lamentou.

Ainda assim, a Guiné-Bissau é o único país lusófono que diz aplicar o novo Acordo Ortográfico na Expo 2010.

O próprio pavilhão português ainda não segue o acordo. “Foi concebido e preparado um pouco antes da entrada em vigor do Acordo Ortográfico, que prevê em si algum período de tempo até à plena aplicação”, explicou o comissário geral.

“Na próxima Expo, daqui por dois anos, se Portugal estiver presente, será seguramente ao abrigo do novo Acordo Ortográfico”, concluiu.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Fim

SOURCE; LUSA


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