PARLAMENTO DO TIMOR LESTE LEGALIZA ABORTOS DE EMERGÊNCIA


Com a oposição da Igreja Católica, que representa 95% da população


DILI, TIMOR LESTE, quarta-feira, 3 de junho de 2009 (ZENIT.org).- O Parlamento do Timor Leste aprovou um artigo do código penal que permite os abortos de emergência, após os debates celebrados em 25 e 26 de maio.


O novo artigo 142 classifica o aborto como delito, mas assinala que a vida da mãe deve ser defendida com prioridade sobre a de seu filho não-nascido em uma situação de emergência.

Também assinala que três médicos e os pais devem estar de acordo em “extrair o embrião de sua mãe”. 


A deputada social democrata Maria Paixao declarou que o novo artigo aprovado permite às parteiras realizar abortos nas zonas rurais devido à falta de médico. 


A Igreja Católica, cujos membros representam 95% da população, opôs-se a esta lei. 

O arcebispo de Dili, Dom Alberto Ricardo da Silva, declarou à agência UCANews que a Igreja não apoia a legalização do aborto porque os médicos devem tentar salvar a mãe e o filho em caso de emergência. 


Sua posição está explicada em uma nota pastoral das duas dioceses que envolvem o Timor Leste, com data de 15 de abril, que reafirma o caráter inviolável da vida humana desde sua concepção até a morte natural. 


O escrito afirma que esta concepção da vida se encontra na cultura do Timor e que o aborto é uma violação do direito humano básico à vida. 


A nota também exorta os líderes sociais e políticos a proverem as mães e as crianças das necessidades básicas desde o momento da concepção e a castigar os responsáveis pela violência contra as mulheres e as crianças. 


No mês de março passado, os dois bispos do Timor Leste tiveram encontros com os líderes políticos do país para tentar frear a aprovação deste artigo sobre o aborto. 


O bispo Da Silva se reuniu em Dili com o primeiro-ministro Alexandre Gusmão, quem, após o encontro, declarou aos jornalistas que os seres humanos não têm direito de matar os fetos, mas ao mesmo tempo, em algumas situações de emergência, não se está em condição de salvar a vida da mãe e do filho. 


O bispo de Bacau, Dom Basílio do Nascimento, reuniu-se em 13 de março passado em Bacau com o vice-primeiro-ministro, José Luis Guterres, e lhe explicou a postura da Igreja, que defende salvar tanto a mãe como seu filho em situação de emergência. 


Um dos Dez Mandamentos diz “não matar”, recordou então o bispo. 


O Timor Leste teve sua independência em maio de 2002, após mais de dois anos sob a administração provisória das Nações Unidas. 


Tem uma população de cerca de um milhão de pessoas e esteve utilizando o Código Penal da Indonésia desde 1975.

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